Bem-vindos ao post em comemoração às 200 curtidas na página do blog.
Aviso: esse post não tem spoiler, mas tem vários trechos do livro.

É o segundo livro da Rainbow Rowell que eu leio e o segundo que me deixa com uma vontade absurda de escrever sobre ele. E com Fangirl foi ainda pior do que com Eleanor & Park até porque eu comecei a escrever esta resenha dias atrás, quando eu só tinha lido um terço do livro. Eu só queria fazer um comentário enorme no Skoob para descarregar todos os meus sentimentos, mas o site estava em manutenção no dia (12/11, mesmo que eu saiba que ninguém está se perguntando) para terminar o novo layout e eu continuei sofrendo, sem conseguir me concentrar em nada que não fosse o livro e sem querer voltar a lê-lo porque eu saiba que se fizesse isso eu ia ficar grudada nele o dia todo até acabar e eu não queria que acabasse tão rápido... Enfim, onde eu estava mesmo? Ah é, a manutenção do Skoob me forçou a procurar outro lugar para escrever e eu pensei: porque não começar a resenha de uma vez? Logo, grande parte dessa resenha foi escrita enquanto eu ainda estava lendo o livro.
"Eu tenho medo de tudo. E sou maluca. Tipo, talvez você ache que eu sou um pouco maluca, mas eu só deixo as pessoas verem a ponta do meu iceberg de maluquice. Por baixo dessa aparência de um pouco maluca e levemente retardada socialmente, eu sou um completo desastre." (p. 181) 
Se é que existe uma única coisa que eu mais ame em literatura jovem (aka young adult) (eu comecei a chamar assim graças a Fangirl mesmo) provavelmente é todo a naturalidade com a qual são tratados temas que todo jovem conhece. Ok, eu não conheço ninguém que seja tão profundo quanto a maior parte dos personagens desses livros e também nunca vi uma história de amor tão bonitinha quanto a maioria dessas histórias, mas não é disso que estou falando. Estou falando de temas como drogas, sexo e problemas familiares serem tratados, não como foco principal da história, mas com naturalidade. É como se o autor dissesse "Esse é um livro sobre jovens. Essas são as coisas que jovens fazem e pensam. Supere.". Não que, tipo, eu concorde com todas as coisas que um jovem clichê (Porque "jovem normal" não existe.. Todo jovem é normal, só que uns agem dentro de um padrão pré-estabelecido pela sociedade e outros, não. E eu também não estou dizendo que ser clichê é ruim, porque eu realmente não acho que seja) faz, mas a realidade é simplesmente assim e eu acredito que a literatura nunca deve maquiar a realidade, mesmo que seja ficção.
Essa lenga lenga do parágrafo anterior foi para explicar que a Rainbow manteve seu padrão na escrita: Cath, a personagem principal de Fangirl, não é uma jovem clichê, mas está cercada de jovens clichês. Ela acabou de entrar na faculdade, uma experiência que já a deixaria muito ansiosa mesmo se sua irmã gêmea não tivesse preferido ter outra colega de quarto, para viver novas aventuras. Aliás, é isso que todo mundo parece estar fazendo na faculdade, vivendo aventuras, se embebedando, se pegando.. Exceto por Cath, naturalmente, cujas maiores preocupações parecem ser quanto tempo ela passará sem precisar ir ao refeitório e como ela conseguirá tempo e foco para escrever sua fanfic, já que seu novo "lar" é habitado por estranhos.
"Às vezes, escrever é como descer um morro, seus dedos tocam o teclado do mesmo modo que suas pernas pisam o chão quando não conseguem lutar contra a gravidade" (p. 413)
Agora eu acho que a maior parte dos meus amigos entendeu porque eu gostei tanto desse livro: A Cath sou eu!! Ou melhor, será eu quando eu entrar na faculdade. Ou talvez nem tanto... Existem vários aspectos sobre a Cath que eu adoro, mas não sei se compartilho. Metade de mim é a Cath e a outra metade quer ser, tipo muito. Porque o problema dela não é falta de incriveldade, é só insegurança mesmo. O fato é que toda escritora tímida e que tem ansiedade social (o que é tipo 90% das escritoras) vai se identificar com a Cath. E se já escreveu fanfic e tinha/tem fãs dedicados mais ainda!
"- Eu conheço Simon e Baz. Sei o que pensam, o que sentem. Quando estou escrevendo-os, me perco neles completamente, e fico feliz. Quando escrevo minhas próprias coisas é como nadar contra a correnteza. Ou... despencar de um penhasco, se agarrando nos galhos, tentando inventar os galhos enquanto se cai.
- Isso. - disse a professora, estendendo a mão para agarrar o ar, como se quisesse pegar uma mosca - É assim mesmo que você deve se sentir.
Cath balançou a cabeça. Tinha lágrimas nos olhos.
- Bom, eu odeio.
- Você odeia? Ou só está com medo?" (p. 257)
Em se tratar de livros da Rainbow Rowell é sempre importante lembrar que a melhor síntese do livro é a frase que a editora resolveu locar na capa dele. Esse diz "Uma terna e divertida história sobre amadurecimento, que é também a história de uma escritora encontrando sua voz." o que é uma frase da resenha que o Publishers Weekly fez.  livro ainda é extremamente inspirador no que diz respeito a escrever. A Cath escreve tanto e quase todo dia que me deixava indecisa se eu deveria continuar lendo ou deixar o livro de lado e ir escrever.
Todos os sentimentos dela, todas as coisas que ela pensa são velhos conhecidos de muitas adolescentes por aí. E eu não sei vocês, mas eu realmente amo ler livros onde eu consigo me identificar com a personagem principal. Todo desenvolvimento da história consiste em uma alteração do ponto de vista da Cath, do amadurecimento dela como pessoa e como escritora. E também, ela é tão obcecada pelos livros do Simon Snow que eu passei o livro todo meio que "eu te entendo, colega, eu te entendo". E, claro, tem a história de amor, tão linda, tão inesperada, tão incrível, tão... Rainbow Rowell.
"Saber que estavam novamente na mesma cidade fez a saudade arder dentro dela. No estômago. Porque as pessoas falam tanto do coração? Quase tudo de Levi acontecia no estômago de Cath." (p. 354)
Terminar esse livro foi o maior suplício de todos e eu ainda estou no primeiro estágio do luto (negação). É maravilhoso saber que algo tão simples e tão encantador pode ser escrito.
Antes de terminar, eu só queria contar a cena muito fofa que aconteceu aqui em casa agora: eu estava supertriste por ter que ir guardar Fangirl na minha estante (só os livros que eu já li ficam na minha estante, os que eu estou lendo/vou ler ficam na minha "mesa de trabalho") e disse "Não acredito que já acabou, tão lindo, tão maravilhoso" ao que minha irmã respondeu "Mas você pode ler ele quantas vezes você quiser, ele é seu" e isso foi tão lindo porque ela nem gosta de ler e entendeu a magia da coisa.

G.

P.S.: O livro que eu vou começar a ler agora é Horizonte, o último livro da minha saga preferida (The Soul Seekers) então se preparem para surtos ainda maiores.
P.S. 2: O próximo post já é do Diário de Bordo 4 (até porque minhas férias começam na terça).
P.S. 3: Lembram da surpresa que eu falei na página há alguns dias? Vocês já sabem que foi uma entrevista que eu dei para uma afiliada da Rede Globo aqui. A entrevista já saiu, mas foi no sábado do Enem e quase ninguém assistiu. Eu vou pegar a gravação essa semana e vou falar dela na segunda parte do Diário de Bordo 4.
P.S. 4: Essa semana também é a última para responder à pesquisa "Ensino Médio no Brasil: a hora da verdade"cujo resultado sai em post especial no sábado, dia 22.